Seja a Política
“Não gosto, não quero me envolver.” Em pleno século 21, com transparência, conectividade e ativismo cada vez mais disponíveis, a grande maioria das pessoas ainda se declara avessa a qualquer aspecto relacionado à vida política. É importante entendermos que política não é uma escolha e, sim, uma vivência. Se estamos vivendo em uma sociedade, estamos sendo política. A calçada que pisamos, o transporte coletivo, os impostos, as escolas: são todas vivências políticas. Mas nossa insatisfação com essa política que nos parece alheia a nós faz com que nosso desejo de exercermos cidadania fique adormecido, quase impossibilitado. Não ajuda que, nos grandes meios de comunicação, ouçamos tudo sobre essa política antiga, lenta, branca, masculina e pouco sobre movimentos emergentes de uma política inovadora, inclusiva, transversal. É como se ela não existisse. Até que você ouve falar no instituto Update (institutoupdate.org.br) e seu mar se divide em dois. Com algumas horas de navegação, você consegue enxergar dois oceanos: um com essa política monocromática, monotemática, ancorada em autoridade e controle, e outro com a política de todos, pulsante, dinâmica, fluida. Em uma rica pesquisa, a plataforma mapeou 700 novos mecanismos de inovação política em 22 países da América Latina. Um ecossistema de novas lideranças que trazem inúmeras possibilidades de atuação e transformação. Valores e tendências dessa nova forma de fazer política também foram apontados: protagonismo do cidadão, transparência, identidade estética, conectividade, participação. Vale entrar no site e tomar um banho de novo mundo, capaz de fazer até quem era avesso à política querer assumir o seu papel nesse ecossistema, fazer parte deste mundo onde a indignação pode ser ignição para um comportamento ativista – no seu condomínio, na sua rua, no seu trabalho. O que importa é estarmos no coletivo, nesta inteligência plena e inevitável. E, com isso, ganharmos um orgulho imenso de estarmos vivos, florescendo e fazendo parte ativa na reconstrução da nossa democracia.
É importante entendermos que política não é uma escolha e, sim, uma vivência.
(Li esse texto da Estela Renner enquanto viajava com a Gol)